A primeira vez que te vi estavas vestido de luz. Da tua pele saía música que te fazia dançar ao ritmo das vibrações da multidão. Estavas ali para acordar a vida!
Talvez fosse a força que bebias dos aplausos que te fizesse saltar sempre um pouco mais.
Talvez fossem mesmo as tuas gargalhadas a falar antes de ti. Elas chegavam uns minutos mais cedo, espreitavam por entre as cortinas e abriam depois caminho pelo meio de uma plateia eufórica. E então o teu riso puxava-te por uma corda de emoções.
Depois, tu entravas. Com simplicidade. Davas graça a um sorriso. Porque aquilo que tu és enche uma sala.
Eu ficava toda arrepiada, sentada confortavelmente num local privilegiado.
E um dia saltei para o palco e conheci-te. Levaste-me pela mão. Mostraste-me os bastidores da tua vida. E eu confiava tanto em ti que caminhava quase de olhos fechados. Eram as lágrimas que me turvavam a vista, umas vezes de alegria, outras de tristeza.
Quanto mais encarava o público do teu lado, mais percebia a tua capacidade de fazer de qualquer acontecimento uma festa. Não é a vida uma grande noite?
E o amor de que falam as canções, o cinema e o teatro? O que me ensinaste tu sobre esse arrebatamento?
Ajoelhaste-te para eu passar e seguiste-me. Confiaste em mim, mesmo quando me esqueci da minha deixa ou quando me descontrolei num ataque de riso.
Às vezes, eu estava ainda a formular um pensamento e já tu estavas a completar o meu raciocínio. Tricotámos empatia como quem faz uma manta para se aquecer.
E assim, quentinhos, ficámos a assistir ao nosso espetáculo, abraçados como irmãos, sabendo que não há nada tão forte e tão primitivo como o amor verdadeiro. Aquele que não tem interesses e está antes e depois de tudo.
Gosto de ti!
Tânia