Porque a cliente merece e o livro também.
E nós queremos estar sempre a melhorar e a ultrapassar os nossos limites!
Este livro é uma segunda versão de um primeiro oferecido no Natal a uma mãe muito especial. A cliente gostou muito do livro, mas desafiou-nos a melhorar os acabamentos. Alterou-se o formato, acrescentaram-se ilustrações e fotos e optou-se por uma encadernação premium, em tecido, com o miolo cosido e acabamentos que lhe conferem uma qualidade superior.
Porque a cliente merece e o livro também. E nós queremos estar sempre a melhorar e a ultrapassar os nossos limites!
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Toquei à campainha uns minutos depois da hora marcada. Estava 10 minutos atrasada. Ninguém atendeu. Insisti, pensando que o senhor se tinha esquecido do encontro marcado e não estaria a contar comigo. Ao fim de três tentativas, decidi ligar. A voz arrastada e num tom muito baixo disse tudo antes de o meu cérebro decifrar o sentido das palavras: "estou no hospital, se puder passar aqui..." É claro que podia, as coisas importantes não precisam de agenda e nunca se atrasam. Cheguei e fiquei consternada. Quase não disse nada. Ainda assim, ousei ficar em silêncio. Eu sabia. Ele sabia. A mulher dele sabia. Mas não falámos sobre isso. E sobre o livro dele muito pouco também. Só o estritamente necessário. Saí pouco tempo depois. O hospital era novo, confortável, limpo, impecável. Os meus olhos começaram então à procura da indicação de uma capela porque o meu espírito precisava de extravasar. Ou de chorar. Na velhinha maternidade onde há uns anos estive internada havia uma capela e isso dava uma certa personalidade àquele local tão cheio de problemas. Na sexta-feira passada, eu queria rezar. Enviar uma mensagem positiva para o universo e talvez dizer-lhe que acolhesse o meu amigo como uma mãe que enrosca no seu colo o seu recém-nascido. Afinal, não ia ele nascer? Mais tarde, projetei escrever aqui sobre as histórias tristes. Tenho escrito sobre tanta vida e ainda não conheci nenhuma que fosse perfeita. E as mais bonitas, aquelas que me fizeram viajar para dentro de outros mundos subterrâneos, foram aquelas em que conseguimos falar de infelicidade, de morte, de perda. Porque quando se consegue falar é porque já se domesticou. Já se passou ou se está a passar para o avesso dos problemas. Quis escrever aqui, mas não o fiz. Adiei o projeto. Ontem soube que ele morreu. Na hora certa, porque a morte não se atrasa nem adianta. Apesar de... dos planos que faltava cumprir... da idade não ser muita... da incompreensão. E nós cá ficamos a tentar aprender a falar. Mata-me
Conheci recentemente a artista Lina Lucas, mas só quando descobri através dela este poema é que me apercebi do quanto uma boa interpretação pode dar vida a um texto. Arrepiei-me. Apreciem aqui! "Mata-me. Diz-me que estou doente. Terminal. Que o amor apodreceu dentro de mim. Contaminou-me. Infectou-me de mil e um senLmentos. Mais vivos do que eu. Sentenciou-me com um milhão de razões. Que estou a cumprir. Que o coração parou num ponto final. Vazio sem parágrafo nem travessão. Que o sangue já não corre nas veias. Passeia-se. Que as minhas mãos perderam o lugar. Do teu corpo. E as minhas pernas movem-se. Sem porquês. Que o meu olhar já pouco fala. E pouco se sente. (… ainda o sentes ?...) É o melhor que tens a fazer. Mata-me! Já nada provoco. Perdi-me de mim. Pouco me sei, a não seres tu. Sobrevives-me. E eu Apenas existo-me. Sem nada me exisLr. (… ainda me sentes ?... )" Raquel Branco do livro "Lado B" |
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May 2018
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