Somos amigas de longa data. Nem sempre nos encontramos pessoalmente, mas o carinho mantém-se. Conhecemo-nos num fim de semana hospitaleiro, fazendo voluntariado com pessoas que sofriam de perturbações mentais e desde aí a nossa amizade foi-se consolidando. Foi ela e o marido, com o coro que formaram, que embelezaram a cerimónia do meu casamento. No verão, mandou-me uma mensagem a dizer que queria falar comigo. Tudo bem, encontrámo-nos para pôr a conversa em dia. Mas havia algo mais. E ela disse-me que tinha a doença ao mesmo tempo que me pediu para a ajudar a escrever um livro sobre o assunto. A palavra cancro ainda andava às cambalhotas no meu cérebro, quando lhe garanti logo que sim, é claro que a ajudaria. O objetivo principal deixou-me arrepiada: escrever para os seus dois filhos pequenos, assentando as suas memórias mais importantes e falando do que vai vivendo em confronto com a doença. O medo como baliza. A esperança à mercê da técnica e da sorte. Entrará golo? O livro nasceu e foi lançado precisamente no dia em que ela fez 40 anos. Ninguém sabia de nada. Amigos e família apareceram no Museu da Vila Velha, em Vila Real, sem saberem ao que iam. Lágrimas, enternecimento, orgulho, aplausos. É que a minha amiga decidiu suportar os custos da impressão e vender o livro, com os lucros a reverterem totalmente para o serviço de oncologia. O seu grande coração como marca distintiva da bonita pessoa que é! Vais vencer, querida! E nós vamos continuar a aplaudir e a perseguir os sonhos que vamos ter! | |
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May 2018
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