Conheci recentemente a artista Lina Lucas, mas só quando descobri através dela este poema é que me apercebi do quanto uma boa interpretação pode dar vida a um texto. Arrepiei-me.
Apreciem aqui!
"Mata-me.
Diz-me que estou doente. Terminal.
Que o amor apodreceu dentro de mim. Contaminou-me.
Infectou-me de mil e um senLmentos. Mais vivos do que eu.
Sentenciou-me com um milhão de razões. Que estou a cumprir.
Que o coração parou num ponto final. Vazio sem parágrafo nem travessão.
Que o sangue já não corre nas veias. Passeia-se.
Que as minhas mãos perderam o lugar. Do teu corpo.
E as minhas pernas movem-se. Sem porquês.
Que o meu olhar já pouco fala. E pouco se sente.
(… ainda o sentes ?...)
É o melhor que tens a fazer. Mata-me!
Já nada provoco.
Perdi-me de mim.
Pouco me sei, a não seres tu. Sobrevives-me.
E eu
Apenas existo-me. Sem nada me exisLr.
(… ainda me sentes ?... )"
Raquel Branco
do livro "Lado B"