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Sónia

28/5/2018

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Eu tinha um cargo de alta responsabilidade na administração pública. Lidava, por isso, muito de perto com o poder político e tinha de ter muita criatividade para não me deixar emaranhar nas suas teias.
Um dos homens do regime a quem eu tinha de prestar contas, por ser meu superior hierárquico, era tenebroso. Controlava tudo e todos, punha e dispunha. E não era honesto, pelo contrário. Usava a influência e o poder que tinha para manipular. Como eu não me deixava corromper, tínhamos sérios diferendos.
Quando roubou descaradamente os armazéns dos produtores, eu não me contive. Pedi uma audiência urgente e, ainda na tarde desse dia 23 de abril de 1974, entrei nervoso no seu gabinete.
Não só a sua figura era diabólica, como fazia questão de se rodear de secretárias soturnas, que iam registando sonoramente na máquina de escrever cada palavra que eu proferia. O ambiente era de ameaça e ódio e a secretária que nesse dia me recebeu, de seu nome Sónia, era feia e assustadora. 
- Exijo que reponha imediatamente os produtos desviados - disse eu ao meu interlocutor.
A audiência foi breve e eu saí com a certeza que Sua Excelência não ia mexer uma palha para anular os prejuízos que a sua quadrilha causara aos produtores.
Dois dias depois, a revolução, que vivi com entusiasmo. Sua Excelência fugiu para a Madeira e depois para o Brasil, como o chefe de Estado e muitos outros. Quanto a mim, dado o lugar que ocupava na máquina do Estado, fui destituído e olhado com desconfiança. 
Pouco tempo depois, fui chamado ao Ministério pelos novos governantes. Fizeram-me esperar uma hora, o que era humilhante para uma pessoa como eu que entrava nos gabinetes dos ministérios sempre que precisava.
O porteiro, condoendo-se da minha situação,  decidiu chamar a secretária. Qual não foi o meu espanto quando vi o seu rosto...
- Você? Você aqui? - vociferei!
- O senhor faça o favor de estar calado. Eu pertenço ao Partido Comunista desde os 20 anos. Estava no gabinete de Sua Excelência para colher informações, que passava ao partido. Entretanto, já disse a toda esta gente aqui dentro que o senhor é honesto e competente. Dentro de pouco tempo, reocupará o seu lugar.
Talvez tenham sido os cravos, os ares de abril ou a alegria das ruas que a rejuvenesceram. Sónia era afinal uma mulher bonita e simpática.
Escolhi-a para minha secretária. Porém, pouco tempo depois foi-se embora. Nova missão do Partido.
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O anjo da ponte de Austerlitz

28/2/2018

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Debruçado na ponte de Austerlitz, via o meu reflexo na água… O desespero era um bicho selvagem e a imagem que via espelhada nas águas ainda me deixava mais aflito. Aquele vulto esquelético, roto e sujo, com rosto desfigurado, de olheiras escuras e lábios rebentados de fome e frio era outro eu, que me custava a reconhecer e aceitar. Pensei:
- Acho que vou ter com aquele ali em baixo e acabo tudo.
Antes de ceder à angústia e me abandonar, o meu pensamento focou-se então na única esperança de um milagre: Nossa Senhora de Fátima. Roguei-lhe:
- Nossa Senhora de Fátima, se eu conseguir sair disto e singrar na vida, apesar da dificuldade que tenho nesta perna, prometo que, quando puder voltar a Portugal, vou a pé de minha casa a Fátima, as vezes que puder.
Nesse momento, caí para trás, como se alguém me tivesse empurrado. Provavelmente, desfaleci com a fome e a fraqueza e desequilibrei-me. Bati com a cabeça na esquina do passeio e comecei a sangrar.
Estava a levantar-me e a sentar-me, quando ouvi uma voz, que devia ser de um anjo:
- Você é português?
Era um homem dos seus trinta anos. Já não devia ser o primeiro compatriota que encontrava na miséria.
- Sou – respondi.
- Está aqui sozinho? Não tem para onde ir?
- Estou só e não tenho para onde ir.
- De onde é?
- Da zona do Porto…
- E não tem a morada de ninguém?
- Não… - não tinha forças para lhe contar a minha longa história, pelo que atalhei:
- Estou aqui ao abandono, já ando às voltas há muitos dias, ou melhor semanas, não tenho para onde ir…
- Venha comigo…
Levou-me à cafetaria da grande estação de comboios, encomendou para mim um prato de batatas fritas com bife. Era a primeira vez que comia semelhante iguaria, em minha casa a carne era rara. Pagou e disse:
- Você coma.
Levou-me depois para casa dele, na Place d'Italie. Não era uma casa, antes um quartito, no último andar de um prédio, com uma cama velha e uma caixa de cartão virada ao contrário a fazer de mesinha de cabeceira.
Tinha ainda um pequeno fogão a gás, onde cozinhou esparguete para levar na marmita para o almoço do dia seguinte. Quando me ofereceu, lambuzei-me com o petisco.
Enquanto comíamos, ele disse:
- Você vai ficar aqui comigo. Havemos de nos desenrascar. Eu trabalho de pá e pica e vou ver se na obra lhe consigo arranjar alguma coisa. Anda lá uma equipa a construir uma escola em pré-fabricado e pode ser que precisem de alguém.
- Eu sou carpinteiro - esclareci.
Em Portugal, eu era torneiro, mas o trabalho era com madeiras, sabia fazer de tudo.
- Há carpinteiros, pode ser que precisem de mais alguém.
No dia seguinte, antes de sair para o trabalho, com ar muito sério, o homem tirou um embrulho da “mesinha de cabeceira” improvisada e disse-me:
- Isto que está aqui é para eu no sábado mandar para a minha mulher e para os meus filhos em Portugal. Está aqui e fica à sua responsabilidade, vou confiar em si. Fica na sua consciência.
Depois de tirar 10 francos, arrumou o maço de notas no mesmo sítio e chamou-me à janela:
- Está a ver aquela loja ao fundo? É a padaria, ao lado fica o talho. Quando abrir, às 10 horas, você vai lá, leva este dinheiro e este papel onde tem escrito o que preciso. Entrega este bilhete e com 10 francos compra o que preciso para logo à noite poder fazer a comida.
Depois saiu para ir trabalhar, deixando-me sozinho. Quando chegou a casa ao fim do dia, eu não tinha ido buscar nada.
- Então não fez o recado que lhe pedi?
- Não.
- Mas agora já está fechado. O que é que vamos comer?
- Olhe, se você não me tinha dito nada, eu tinha ido. Mas tive medo que quando saísse alguém lhe viesse cá roubar o seu dinheiro e não saí daqui. Estive aqui todo o dia fechado a guardar. Não tive coragem. Tive medo que houvesse a possibilidade de ser acusado de um roubo.
O homem fez outra vez esparguete e enquanto comíamos massa sem nada, anunciou-me:
- Olhe, tenho uma boa notícia para si. Se calhar, já lhe arranjei trabalho.
No outro dia, apresentou-me a uma equipa que andava a montar pré-fabricados. Trabalhavam lá dois portugueses e um francês, que era filho do patrão. Eles precisavam de um quarto elemento porque alguém tinha falhado e aceitaram-me.
O filho do patrão arranjou-me alojamento e passei a habitar a 40 ou 50 km de Paris, muito longe do meu benfeitor. Ficava numas águas-furtadas, onde até faltavam telhas, mas depois de tudo o que tinha passado, já era muito bom.
No segundo dia, estava a trabalhar e o homem que me ajudara dirigiu-se a mim e disse-me:
- Eu já acabei aqui o meu trabalho. Venho despedir-me de si.
- Por favor, deixe-me ficar a sua morada de Portugal que um dia, se Deus quiser, hei de procura-lo lá.
Pegou num lápis e escreveu num pedaço de papel que rasgou de um saco de cimento a morada e o nome. Só fixei que era de S. João da Madeira.
Meti aquilo ao bolso e à noite quando o retirei, vi que com a transpiração e o desgaste estava elegível.
Mais ninguém o conhecia nem sabiam onde ele morava. E eu era incapaz de reconstituir o caminho até ao seu prédio na Place d´Italie.
Talvez fosse mesmo um anjo mandado pela Nossa Senhora, que desapareceu depois de cumprir a sua missão. Talvez o céu o tenha recompensado de tanto bem que me fez.
Mas eu, que já cumpri a minha promessa várias vezes, vivo com um desejo profundo de ainda poder reencontrar o homem que me tirou da sargeta e de lhe contar que na minha fuga a salto para França fora primeiro enganado pelo passador e ficara depois retido na alfândega francesa por ser menor de idade. Não desistindo, fugi aos guardas fronteiriços e consegui chegar a Paris sem dinheiro e sem a morada do meu tio, que ficara com o meu irmão quando fomos separados na alfândega.
E gostava de lhe dizer sobretudo que consegui atingir os meus objetivos e hoje estou bem na vida e que nunca esquecerei a forma da mão que me levantou, a mesinha de cabeceira de cartão e o sabor do esparguete que me alimentou a esperança na bondade humana.
Tudo o que acerca do meu benfeitor é que terá hoje perto de 80 anos, vivia na Place d'Italie, perto da estação de Austerlitz, em 1971 e era de S. João da Madeira.
 
 
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Arrotar a petróleo

8/2/2018

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Lamego, 1885
Manuel tinha feito um acordo com a dona de uma quinta, que lhe dava duas malgas de caldo por dia em troca de trabalho agrícola. Um dia, estava a comer o caldo e reparou que havia uma almotolia em cima da mesa. Como a sopa estava mal temperada, decidiu regá-la com um pouco de azeite. Cheio de terror, apercebeu-se que em vez de azeite tinha acabado de colocar petróleo na malga.
O que fazer?
A asneira estava consumada e não se podia desperdiçar a comida, pelo que comeu o caldo mesmo assim. Naturalmente, ficou mal disposto e andou alguns dias a arrotar a petróleo.

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Coisas bizarras que se ouvem nas entrevistas...

5/2/2018

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Uma grávida, em França nos anos 70, foi internada aos 5 meses de gestação porque estava com excesso de peso e precisava de emagrecer. Logo na primeira tarde, descobriu com surpresa - quando se começava a mentalizar que iria passar os próximos meses a comer saladas, legumes e peixe cozido - que o lanche era croissants!
Engano das funcionárias, soube depois.
O certo é que ao fim de uma semana teve alta sem ter emagrecido um grama que fosse.

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Quem acredita em histórias de amor?

11/9/2017

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Ela ligou-me de Israel e começou a contar-me a sua história.
Nos seus tempos de universitária, viajara do Brasil para Israel para participar numa campanha de apanha de laranjas num kibutz. Conheceu um agricultor suíço que andava a descobrir mundo. Aos 20 anos viveram uma paixão forte, poderosa e pura. Separaram-se por vicissitudes várias. Ela regressou ao Brasil e ele permaneceu na terra que cheira a flor de laranjeira.
Viveram vidas inteiras com amores novos, ocupações profissionais, projetos, sonhos, tudo o que cabe dentro da espuma dos dias. Vidas sem o peso do que ficou por viver nem o torcicolo de olhar para trás para comparar o presente com o que se deixou no passado.
Até que a morte veio desarrumar a casa dela, deixando-a no limiar do desconhecido. Perdeu marido e mãe, acabou a carreira profissional e o coração andava desencontrado. Saiu de casa, fez voluntariado, reencontrou pessoas... e foi uma velha conhecida que a relembrou da viagem a Israel. Na era das redes sociais, decidiu procurar notícias dos velhos conhecidos e conectou-se com o amigo suíço. A amizade foi resgatada do pó e puxou com ela antigas emoções, num crescendo. Até que foi necessário tomar uma decisão: cortar pela raiz aquela tormenta de sonhos e desejos ou assumi-la conscientemente. 
Já entrados nos sessenta, cada um a viver no seu continente, com filhos e uma vida inteira de construções a prendê-los, o que poderiam fazer? 
Corajosamente, marcaram um reencontro para ver no que dava.
E o que deu, na cidade banhada pelo Tejo e depois mais a sul em terras algarvias, foi a certeza que o tempo é plasticina nas mãos de quem ama. E que um amor que se regenerou 40 anos depois não apagou a importância dos outros amores e vivências.
Não há idade para a sabedoria de escolher viver com liberdade o resto dos seus dias!
Desliguei o telefone emocionada. Acredito mesmo no poder de uma história de amor!

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Passar a fronteira a salto

24/5/2017

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Macedo de Cavaleiros - Astúrias - Paris
Sabugal - Lorraine - Sabugal
Os percursos da nossa emigração para a Europa têm a extensão da nossa fronteira terrestre clandestina. Feitos de ratoeiras, perigos escondidos, pés doridos, pele arranhada pelas silvas que fazem as vezes de arame farpado, viram passar centenas de milhares de pessoas durante as décadas de 50, 60 e 70 do século passado. Os países destruídos pela II Guerra Mundial precisavam de mão de obra e os emigrantes portugueses, oriundos maioritariamente do interior rural, fugiam a uma pobreza difícil de descrever.
Já me pediram que registasse em livro as memórias de alguns destes protagonistas. Atualmente, tenho em mãos o relato das histórias de vida de dois casais. Uns são transmontanos e conheceram o primeiro itinerário, tendo atravessado a salto a fronteira de Chaves e de Vinhais. O outro casal é constituído por um beirão do Sabugal casado com uma francesa. Em comum, têm a coragem, a audácia e o sentimento de inadaptação. Em França, eram estrangeiros. Quando quis abrir um negócio por conta própria, um destes senhores ficou a saber que não tinha esse direito por não ser cidadão francês. Em Portugal, não conseguem despir o capote de emigrantes, ao qual se agarram todo o tipo de preconceitos, desde o chavão do baixo nível cultural até à ideia (quantas vezes cimentada pela inveja) de que são exibicionistas e só vivem para trabalhar e acumular riqueza.
Mudaram de vida, ganharam dinheiro, é certo, mas não é essa a bitola do seu sucesso.
No caso de uns, o orgulho está nos filhos, nos seus estudos e profissões e nos cargos importantes que ocupam em França.
Para os outros, o ter voltado à terra que se deixou com 10 anos e ter contribuído para que ela evoluísse é o que faz bailar a lágrima no olho. Ter deixado uma aldeia que não tinha estrada, nem luz, nem telefone, nem... nem... e voltar para trabalhar na agropecuária com métodos mais avançados, vindo simultaneamente a ocupar cargos políticos só foi possível com grande comprometimento que criou um tampão contra as críticas.
São histórias individuais que fazem parte da nossa história coletiva. Os caminhos que abriram expandiram o nosso país e a nossa cultura, não podem ser ignorados.

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Ao longo de cinco anos a escrever histórias de vida...

13/3/2017

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... tenho tido o privilégio de entrar em muitas casas. Nalgumas, ofereceram-me bolos para o chá e para o caminho. Noutras, pernoitei, na mesma cama onde dormira em vida a pessoa cuja história eu estava a conhecer... Visitei jardins e aprendi palavras outonais como vinha velha. Numa casa, embalei um bebé e a noutra entrei com a minha filha pequena pela mão. Já aceitei comida que não gostava, como moelas, e até já saí de uma casa com um saco de tangerinas na mão.
Mas, mais do que os locais e as experiências, marcam-me as pessoas que vou conhecendo, dentro ou fora de casa. Também marco encontros em bares de hotéis, em livrarias-cafetarias, em esplanadas, em casas de chá, em pastelarias ou em restaurantes. Já fui ao local de trabalho de algumas. Mas a maior parte delas, conheço-as em casa. É mais fácil assim apreender "o homem e a sua circunstância", usando a expressão de Ortega y Gasset.
E, por mais distintos que sejam os nossos caráteres ou situações de vida, há sempre um ponto de contacto, um terreno de xadrez, onde as minhas linhas verticais se intercruzam com as retas horizontais do meu interlocutor. Será sentido da nossa humanidade? Será noção de um destino comum? Será sede e fome de entendimento?
Tenho tido o privilégio de conhecer pessoas cuja zona de interseção é pequena, mas depois, com a relação e com a abertura de espírito, vai aumentando.
E tenho tido a sorte de conhecer outras com quem me identifico desde logo a um nível muito profundo.
Falo quase sempre de gente muito mais velha do que eu, de pessoas com grande experiência de vida.
Há exemplos que me fazem refletir profundamente acerca do que realmente importa, como a senhora que encontrou um homem que ama perto dos 80 anos e assumiu essa relação. Como a viúva que, perante o enorme desgosto causado pela perda do marido, vítima de cancro, meteu mãos à obra e passou a fazer voluntariado na Liga Portuguesa Contra o Cancro. Como o casal de médicos que decidiu mudar de vida e dedicar-se à humanização dos cuidados paliativos. Como a avó que me diz que nunca deixou de ser feliz, apesar do sofrimento que enfrentou (e posso garantir que não foi pouco!). Como o casal que opta pelo envelhecimento ativo: ele canta, dança e atua num coro e ela dedica-se energicamente a causas sociais. Como a mãe que, perante diagnóstico adverso da filha, escolhe viver com intensidade o tempo que lhe resta. Como o octogenário que continua a trabalhar na obra social que fundou e que diz que a única coisa que fica é aquilo que se faz pelos outros. E como tantas, tantas outras histórias. Umas contadas a viva voz, outras pressentidas nos detalhes.
Umas servidas com o chá, outras amargas como tangerinas verdes.
Todas dignas de ficarem escritas na memória coletiva.
Ao longo de cinco anos a escrever histórias de vida... estou cheia de vontade de ir a Macedo de Cavaleiros conhecer uma nova casa e os seus habitantes. E tantas outras casas que estão à minha espera sem eu saber...
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Marcas do que se é...

16/2/2017

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Somos amigas de longa data. Nem sempre nos encontramos pessoalmente, mas o carinho mantém-se. Conhecemo-nos num fim de semana hospitaleiro, fazendo voluntariado com pessoas que sofriam de perturbações mentais e desde aí a nossa amizade foi-se consolidando. Foi ela e o marido, com o coro que formaram, que embelezaram a cerimónia do meu casamento.
No verão, mandou-me uma mensagem a dizer que queria falar comigo. Tudo bem, encontrámo-nos para pôr a conversa em dia. Mas havia algo mais. E ela disse-me que tinha a doença ao mesmo tempo que me pediu para a ajudar a escrever um livro sobre o assunto. A palavra cancro ainda andava às cambalhotas no meu cérebro, quando lhe garanti logo que sim, é claro que a ajudaria.
O objetivo principal deixou-me arrepiada: escrever para os seus dois filhos pequenos, assentando as suas memórias mais importantes e falando do que vai vivendo em confronto com a doença. O medo como baliza. A esperança à mercê da técnica e da sorte. Entrará golo?
O livro nasceu e foi lançado precisamente no dia em que ela fez 40 anos. Ninguém sabia de nada. Amigos e família apareceram no Museu da Vila Velha, em Vila Real, sem saberem ao que iam. Lágrimas, enternecimento, orgulho, aplausos.
É que a minha amiga decidiu suportar os custos da impressão e vender o livro, com os lucros a reverterem totalmente para o serviço de oncologia. O seu grande coração como marca distintiva da bonita pessoa que é!
Vais vencer, querida! E nós vamos continuar a aplaudir e a perseguir os sonhos que vamos ter!

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Memórias da Guiné

20/1/2017

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As memórias estavam há muito tempo escritas e guardadas na gaveta, ou numa pasta do computador, e o seu autor, agora octogenário, já nem contava vê-las publicadas em livro.
Foi a esposa, com a anuência dos filhos, que decidiu fazer-lhe a surpresa.
Nós fizemos revisão de texto, paginação e capa, e tratámos da impressão. E no dia 15 de janeiro, dia do seu aniversário, as memórias que marcaram toda uma vida foram temperadas com lágrimas e com a certeza que passarão testemunho para as gerações vindouras.
Para que a memória individual, que faz parte de uma História coletiva, não se perca!

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"A única coisa que fica é aquilo que se faz pela sociedade!"

16/1/2017

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Este foi um daqueles livros que não se fez num dia, nem num ano. Começou há mais de dois e levou-nos a conhecer a vida de um homem que nasceu numa ilha, mas implantou a sua missão num continente sólido de valores. Orientou sempre a sua ação para contribuir para uma sociedade mais justa. Com mais de 80 anos, ainda se desloca diariamente à obra que dirige e não tem qualquer pudor em penetrar em meios que aparecem nos noticiários pelas piores razões.

Viveu dramas, angústias e teve muitas dúvidas. A trajetória da sua vida deu voltas de 180º. Construiu uma casa e um lar. Ensinou e nunca saciou a sede de aprender. Fez da arte uma jangada para se manter à tona da realidade, tantas vezes asfixiante.

​Um homem que se fez com tempo, no seu tempo.
​Uma vida que é um presente.

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